XVII

Brilhava aquele armário como se de estrela fosse.
tudo quanto pertencia a seu interior era transparecência.
sempre me olhei no espelho, e não enxerguei nunca
nada além de uma cara de cachorro e uma cor de casca de ovo.
brilhava aquele armário como se eu fosse feito de invisível
e as estrelas em cima da mesa se enchiam de refrigerância escura.
minha avó tinha o maior amor por todo aquele brilho de cristal caído,
enquanto todas as flores do canteiro sorriam uma luz desconhecida.

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