XLVIII

Navego garrafa no meio rua,
flutuo papel em futuro naufrágio...
Sempre a incerteza do mar e da chuva;
sempre a beleza no que já não é.

Grita o marujo do alto do mastro:
São montes de água pra não mais acabar!
Fala o imediato apoiado na proa:
Força, homens, a terra há de chegar!

A chuva não deu descanso àquela noite
nem à manhã seguinte, nem à semana inteira.
Molhados e brancos os marinheiro pediam,
famintos e trêmulos os marinheiros rogavam.

Ao fim, a vida afundou sob uma nesga de sol.

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